Pesquisar este blog

Pesquisar este blog

16 de out. de 2012



OS SUMÉRIOS ESTIVERAM NA AMÉRICA?

Descobertas arqueológicas na Bolívia levantam mais questões a respeito da presença dos sumérios no continente americano, numa época que pode remontar a 3.500 a.C.




Estátua em diorito de Gudea, príncipe da Lagash (cerca de 2120 a.C.; escavado por Ernest de Sarzec e Gaston Cros, em 1903, em Telloh, antiga Girsu, no Iraque).

(Foto: Marie-Lan Nguyen).


Não é de hoje que pesquisadores de antigas civilizações falam a respeito da possibilidade de que povos do Oriente Médio tenham visitado o continente americano em épocas remotas. Aqui mesmo, no Brasil, vários estudiosos do assunto já se referiram à existência de sinais da passagem dos sumérios e fenícios, muitos deles gravados em pedras.
No entanto, essa questão sempre foi vista com um certo ceticismo por parte dos arqueólogos mais ortodoxos. Mas para outros pesquisadores, as evidências se acumulam, e ainda mais com os estudos científicos referentes ao vaso de pedra conhecido como Fuente Magna, descoberto na Bolívia, e também do monólito Pokotia. Em ambos os casos, os cientistas que estão pesquisando os objetos afirmam que eles contêm inscrições em sumério.
A Fuente Magna já está sendo chamada por alguns pesquisadores de "a pedra de Rosetta das Américas". Foi descoberta por volta da década de 1950, nas proximidades
 de Tiahuanaco, na Bolívia, mas permaneceu praticamente desconhecida até o ano 2000.

Exemplo da escrita cuneiforme encontrada em Fuente Magna.

Diz-se que o vaso chegou a ser considerado falso, até que começassem as investigações dos arqueólogos Bernardo Biadós Yacovazzo e Freddy Arce. Eles também foram responsáveis pela descoberta do monólito Pokotia, em janeiro de 2002, juntamente com Javier Escalente, Cesar Calisaya, Leocadio Ticlla, Alberto Vasquez, Alvaro Fernholz, Omar Sadud, Paulo Batuani e Rodrigo Velasco. Ainda no início da década de 1960, o arqueólogo boliviano Don Max Portugal Zamora ficou sabendo da existência do vaso, e foi ele quem "batizou" o local em que foi encontrado como Fuente Magna. Ele fez alguns trabalhos iniciais de restauração, e tentou decifrar a escrita existente no interior do objeto. Diz-se que procurou estabelecer uma relação com os textos conhecidos como Qellga Llippichi, e também consultou o livro Indigenous Andean Writing (1953), do dr. Dick Edgar Ibarra Grasso, mas não obteve sucesso. A escrita não pertencia ao continente americano.
A confirmação de que se trata de uma escrita suméria leva a origem da civilização sul-americana para uma época que pode chegar a 3.500 a.C., contemporânea à dos egípcios e sumérios. Segundo alguns pesquisadores afirmam, informações ainda não divulgadas podem retroceder ainda mais essa data.



O vaso encontrado em Fuente Magna, chamado de "a pedra de Rosetta das Américas". 


Os sinais encontrados foram decifrados pelo dr. C. A. Winters, que também se utilizou dos sinais existentes no monólito Pokotia. Diz-se que a descoberta do monumento de Pokotia por Bernardo Biadós Yacovazzo dá suporte à pesquisa de Alpheus Hyatt Verrill e Ruth Verrill (em America's Ancient Civilizations); para eles, os sumérios vieram para a América à procura de metais. James Bailey (autor de Sailing to Paradise: The Discovery of the Americas by 7000 B.C.), entende que a área em torno do lago Titicaca poderia ter sido chamado de Lago Manu pelos sumérios.
Mais especificamente, esses estudiosos entendem que os sumérios procuravam estanho; as tradições sumérias dizem que eles viajam para uma terra a oeste do Mediterrâneo, que eles chamavam de "a terra de estanho do oeste" ou "terra do sol poente". Os estudiosos levantam a possibilidade de que o nome Potosi, existente na região da Bolívia, possa estar relacionado com o termo Patasi, o nome sumério para "rei sacerdote".
 


O monólito de Pokotia, que também traz sinais de uma escrita atribuída aos sumérios



Segundo as conclusões obtidas da decifração, o oráculo de Pokotia era ouvido por muitas pessoas na antiga Bolívia. Em tempos históricos, informam os cientistas, o oráculo de Pachacamac era muito popular na região, tendo se transformado numa cidade-templo na época dos incas – nome que eles associam ao sumério En-ka, "grande senhor". A cidade mantinha o ídolo de Pachacamac, que atraía pessoas desde o Equador, para suas profecias. Assim, a estátua de Pokotia deixa claro que a popularidade dos oráculos nessa região da América do Sul já existia há muito tempo.
Outras evidências que suportam a ideia da presença de uma escrita na América do Sul em épocas recuadas são citadas por Michael E. Moseley – autor de The Incas and Their Ancestors, e diretor do Institute of Archaeology and Paleo-environmental Studies, da Universidade da Flórida. Ele publicou inscrições encontradas em tijolos da cultura Moche e no desenho de uma cabeça, em Tiahuanaco: os caracteres são idênticos ao da escrita Pokotia.
A evidência linguística da presença suméria na América foi igualmente detectada pelo antropólogo Mario Montano Aragón, que encontrou uma base do idioma sumério nos idiomas aymara e quechua, falados no Peru e na Bolívia. Muitos termos aymaras se referem ao mundo metafísico, o que não seria de se estranhar diante do que foi encontrado na estátua de Pokotia e na Fuente Magna, que indicam que os sumérios estabeleceram muitos aspectos de sua religião na Bolívia.
Também se entende que esses sumérios eram mineradores. O termo sumério para cobre era urudu, o que, segundo os especialistas, está de acordo com os termosaymaras para ouro, ouri, e cobre, anta, yawri.
Pelas conclusões do dr. Winters fica claro que Pokotia era um oráculo, cujo nome, na verdade, era Putaki. Também é interessante, ele diz, que o nome do oráculo, Putaki, é muito próximo do nome do local onde o objeto foi encontrado, Pokotia, o que sugere uma continuidade. Sem falar nas semelhanças com objetos existentes em Tiahuanaco. Ainda que não tenha sido feita uma datação exata para o monumento, o fato de ter sido escrito em sumério, assim como em Fuente Magna, sugere que a linguagem continuou sendo falada na região por um extenso período de tempo. 

Detalhe das inscrições encontradas no monólito de Pokotia.
Os sinais aparecem na parte frontal e posterior das pernas, e foram relacionados aos monumentos existentes em Tiahuanaco.


A princípio, alguns pesquisadores pensaram que se tratava de um idioma semítico, mas o dr. Winters refutou essa ideia, afirmando que o sumério não é semítico. A escrita cuneiforme não se aplica apenas para os idiomas semíticos, mas também é usado para idiomas indo-europeus, sumério e elamita, que não são semíticos.
A discussão se torna ainda mais interessante quando se considera que, até pouco tempo, a ideia corrente com relação às antigas culturas andinas era a de que elas jamais tiveram uma linguagem escrita. Essa postura ortodoxa de historiadores e arqueólogos sempre foi refutada por pesquisadores da chamada corrente "alternativa", para os quais os símbolos encontrados em Tiahuanaco, por exemplo, eram uma prova de que existiu uma linguagem escrita.
Mais recentemente, cientistas pesquisaram os quipós incas e levantaram a possibilidade de que eles formassem um sistema extremamente elaborado de linguagem, inclusive matemática.
Tudo indica que essa postura vai ter de mudar radicalmente depois do que se verificou em Pokotia e Fuente Magna. Ainda assim, alguns pesquisadores entendem que é possível se pensar que as civilizações mais antigas da América do Sul poderiam ter desenvolvido seu próprio sistema de escrita, independente da influência de outros povos, como os sumérios. Para alguns estudiosos, Tiahuanaco é uma construção mais antiga do que a data proposta para a chegada dos sumérios no Peru e Bolívia, de 3.500 a.C. Para alguns, não é improvável que o processo tenha ocorrido ao contrário, ou seja, que Tiahuanaco tenha sido um centro colonizador, e que os sinais e as inscrições encontrados por toda a América são originários de povos locais – de civilizações que, por alguma razão, já desapareceram completamente – e não de povos vindos do Oriente Médio ou da África.
De qualquer maneira, só essas descobertas já são o suficiente para provocar uma reviravolta na história da região, e podem levar a uma revisão de alguns conceitos até então tidos como absurdos ou "não científicos".
Muitas dessas ideias "não científicas" estão, cada vez mais, sendo trazidas para o centro das discussões científicas, especialmente na arqueologia. Por exemplo, nos meios alternativos era comum se falar de Tiahuanaco como sendo a verdadeira Atlântida lendária, conceito descartado a priori pelos cientistas. Mas agora já se percebe algumas discussões a esse respeito, uma vez que os sumérios já se referiam a uma "terra a oeste", como citado anteriormente.
O que parece certo é que, à medida que os estudos e pesquisas arqueológicas avançam, se percebe mais claramente que o mundo antigo não era exatamente da forma como se imaginava até alguns anos atrás. Tudo dá a entender que a comunicação entre os povos, inclusive de diferentes continentes, era muito mais intensa, envolvendo comércio e trocas culturais importantes.

Os Visitantes no Brasil

Provavelmente, ninguém estudou mais os sinais da provável passagem de povos do Oriente Médio pelo Brasil do que os pesquisadores Bernardo de Azevedo da Silva Ramos (1858-1931), Ludwig Schwenhagen e Peregrino Vidal (???-1968), pseudônimo de Frei Fidélis da Motta (ou Mott), frade franciscano austríaco naturalizado brasileiro.
Schwenhagen, também austríaco, é o autor do livro Antiga História do Brasil: 1100 a.C. a 1500 d.C., hoje dificilmente encontrado. Ele concentrou suas atenções no norte e nordeste brasileiro, entendendo que Sete Cidades não é apenas uma formação natural, mas foi ocupada por civilizações em épocas recuadas. Ele afirmou ter encontrado inúmeros sinais da passagem dos fenícios pelo Brasil, especialmente na correlação entre o idioma fenício e resquícios dessa linguagem que poderiam ser percebidos nos idiomas nativos.
Peregrino Vidal levantou a proposta de que os sumérios estiveram no Brasil, e chegaram pelo menos até o interior de São Paulo, mais exatamente em Botucatu. Uma formação rochosa existente nas proximidades de Bofete, na região de Botucatu, era tida por ele como um monumento construído pelos visitantes sumérios. Realizando estudos linguísticos, ele acreditava que o nome original do Brasil seria Be-ra-zil, significando "o domínio dos cantores escuros". Duas levas de colonos teriam aportado no país, e Frei Fidélis também dizia que os primeiros habitantes americanos falavam o idioma sumério, o mesmo conceito que agora está sendo defendido pelos cientistas que estudam os objetos de Pokotia e Fuente Magna.
O arqueólogo Silva Ramos trabalhou por 30 anos na identificação e catalogação de sinais e inscrições encontradas no Brasil. Ele coletou cerca de 1.500 sinais, reunidos no livro Inscrições e Tradições da América Pré-histórica, publicado pela Imprensa Oficial do Rio de Janeiro. A obra foi examinada pela Comissão de Arqueologia, em 1919, que chegou à conclusão de que as inscrições se referiam a caracteres fenícios, gregos, hebraicos e árabes.
Já em 1641, Maurício de Nassau pedia que o cientista Elias Ackerman estudasse os sinais encontrados na Pedra do Ingá, na Paraíba, em 1598. Mais pesquisas foram feitas em 1874, pelo historiador Francisco Adolpho Vernhagen e, mais recentemente, o professor José Anthero Pereira Jr. Ninguém conseguiu chegar a um resultado definitivo sobre o que as inscrições significam ou qual sua origem, mas diz-se que existe uma representação da constelação de Órion.
 


A Pedra do Ingá, na Paraíba, com os sinais que já chamavam a atenção de Maurício de Nassau e eram estudados em 1641.

O arqueólogo Marcel Homet também pesquisou inscrições, em Roraima, no local conhecido como Pedra Pintada. Próximo à fronteira com a Venezuela, os desenhos se espalham por uma área de 600 metros quadrados. Para Homet, os indígenas da região não seriam capazes de desenhar representações de cavalos, carros, rodas e alfabetos desconhecidos.
No Xingu, existem inscrições na Pedra de Itamaracá, analisadas por Ladislao Neto. A rocha em questão, segundo se diz, somente é visível em época de seca, e o mesmo ocorre com outras rochas contendo gravações no Rio Negro; trazem imagens de animais, homens, círculos e sinais que, segundo Ladislao Neto, lembram o alfabeto semítico.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário